Pés de galinha

Passei a infância toda

Achando que a minha mãe

Gostava de pés de galinha

Comia com tanto gosto

Chupava até os ossinhos

“Ninguém come os pés, são meus”, dizia

Toda a carne dividia

Peito, coxas e titela,

Fígado, coração e moela

Mas os pés, os pés era só pra ela.

Depois de todos servidos

Então sentava e comia

Mas o tempo foi passando

A criançada crescendo

Os maiores trabalhando

A vida foi melhorando

Depois de uma infância dura

Começamos a ter fartura

Vi minha mãe na cozinha

Tratando de uma galinha

E ao contrário de outrora

Flagrei aquela velhinha

Jogando os pezinhos fora

Ao notar o meu espanto

Aquele coração santo

Da minha doce mãezinha

Apressou-se em explicar:

“Nunca gostei do tal do pé de galinha”

É que a carne era tão pouca,

Pra tantas bocas não dava,

E pra você não ficar triste

Eu fingia que gostava”.

 

É assim...tem coisas que só o amor de mãe é capaz de explicar.

Pés de galinha



Compartilhe